Segue uma história pessoal vivida em meu primeiro ano no Pedro II, Unidade Tijuca, em 1984.

Mahatma de Castro.

O ano era 1984 e as aulas começaram no dia 14 de março. A partir desta data, passei a me deslocar de minha casa em Bangu para a Unidade Tijuca do Colégio Pedro II. Era um longo e cansativo trajeto por ônibus. Desacostumado, quase passei mal dentro daquele veículo desconfortável. Meu pai me levou ao destino.

Lembro-me do primeiro funcionário com quem falei. Seu nome era João de Barros, mais conhecido como “Pelé”. Por coincidência, era um colega de infância de meu pai e ainda morava em nosso bairro. Vi o número de minha turma (504) e Pelé indicou minha sala. Era bem pequena. Entrei timidamente e escolhi uma cadeira.

Logo nos primeiros dias, percebi que eu era o aluno que morava mais distante. A maioria vivia na Tijuca ou adjacências. Em pouco tempo já era chamado de “suburbano” pelos demais.

Naquele ano, a principal lembrança ficou por conta da professora de Português, que se chamava Célia Gomes. Antipática demais para lidar com alunos entre 10 e 11 anos. Exigia que trouxéssemos dicionários para todas as aulas e que comprássemos cadernos padronizados pelo MEC, com folhas pautadas. Suas provas eram sempre ditadas nessas folhas. Obrigava os alunos a escrever, e cada erro de escrita era punido com o desconto – pasmem - de 1 ponto !

O resultado final era quase sempre desastroso para a maioria. Ela entregava as provas por ordem de chamada, anunciando as notas em voz alta. Era uma tortura. Lembro-me do testemunho de um ex-aluno. Obteve 5,0 na prova, mas a ilustre professora havia lhe descontado 12 pontos por erros de ortografia !

Naturalmente, situações estapafúrdias como essa podem causar estragos na cabeça de crianças tão pequenas. No entanto, sem que entendêssemos como, as notas lançadas nos boletins não eram tão baixas. Eu mesmo passei direto em novembro, e a maioria foi aprovada sem grandes traumas.

Para alegria das turmas em que estive nos anos seguintes do antigo ginásio, não mais nos deparamos com a tal “educadora”. Mas ela povoou nossas mentes como a “professora das notas menores que zero”.

 

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